mardi 30 octobre 2012

O Halloween e festa de São Martinho: festas populares da juventude




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A comemoração do Halloween, tanto no Brasil quanta na França, é recente. Chegou através da influência da cultura americana, principalmente pela televisão e pelos cursos de língua inglesa. Porém, o dia das bruxas não é uma festa imperialista americana! O Halloween também não é “uma festa perigosa carregada por vários elementos anticristãos”, seguindo a declaração feita no ano de 2009 pelo Vaticano.  

A origem do Halloween é o começo do inverno, a chegada da Terra no mundo das noites longas e frias. Além das outras festas do inverno, o Natal e o Dia dos namorados (14 de fevereiro), o Halloween se tornou uma nova festa popular do mundo global e sem fronteiras. 

Se analisarmos o modo como o Halloween é celebrado hoje, veremos que pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos mortos, mas com um caráter completamente burlesco, um pretexto para se fantasiar. E apenas mais uma oportunidade de comemorar juntos, independentemente do lugar! Independentemente da origem americana, o importante é sair da rotina. O Halloween é, na maioria das vezes, comemorado pelos pequenos na escola, e pelos estudantes. Para a maioria dos jovens, em qualquer lugar no mundo, o importante é comemorar. 

Então, será que é incompatível com as festas tradicionais?


Muitos brasileiros e franceses defendem que o Halloween é uma festa importada. Argumentam que tanto o Brasil quanto a França têm um rico folclore que deveria ser mais valorizado. No caso do Brasil, eles dizem que a data nada tem a ver com a cultura brasileira.


É verdade que o Halloween é uma festa comemorativa celebrada no dia 31 de outubro, véspera do dia de Todos os Santos. No hemisfério norte, essa data marca o início do frio e das noites sem fim. O Halloween, assim como o carnaval, é uma festividade popular que valoriza os opostos que regem o mundo: vida e morte, luz e escuridade, inverno e verão, homens e deuses.

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O Halloween é uma festividade antiga, de origem celta. Ele remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha há 2500 anos.
Originalmente, era um festival do calendário celta, as festividades de Samhain, celebradas durante 7 dias: o dia do Samhain, entre os 30 de outubro e 2 de novembro (a meio caminho entre o equinócio de verão e o solstício de inverno), 3 dias antes e 3 dias depois. Elas marcavam o fim do verão (samhain significa literalmente "fim do verão"). Eram precedidas por uma série de festejos que duravam uma semana, e acabavam no ano novo celta. A "festa dos mortos" era uma das suas datas mais importantes. Os celtas acreditavam que o mundo seria ameaçado, na véspera do evento, pela ação de terríveis demônios e fantasmas. Eles acreditavam que os espíritos saíam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos. Para assustar estes fantasmas, os celtas colocavam, nas casas, objetos assustadores como, por exemplo, caveiras, ossos decorados e abóboras enfeitadas, entre outros.

As festividades pagãs foram mantidas no início do Cristianismo.
Inicialmente, os cristãos celebravam a todos os santos no mês de maio, desde que o Papa Bonifácio IV no seculo VII transformou um templo romano dedicado a todos os deuses (Panteão) num templo cristão e o dedicou a "Todos os Santos". A festa de Todos os Santos, inicialmente era celebrada no dia 13 de maio, mas o Papa Gregório III, no século VIII, mudou a data para 1º de novembro. Dessa forma, os bárbaros convertidos se lembrariam da festa cristã que sucederia a antiga e já costumeira celebração do samhain.
Essa festa era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e "All Hallow Een" até chegar à palavra atual "Halloween".
Essa designação se perpetuou e a comemoração do Halloween, levada até os Estados Unidos pelos emigrantes irlandeses no século XIX, ficou assim conhecida como "dia das bruxas", uma lenda histórica.
No Brasil, existem nacionalistas que criticam a importação do Halloween, já que o país tem grande diversidade folclórica que não é aproveitada e comemorada.

Para tanto, foi criado pelo governo, em 2005, o Dia do Saci, comemorado também em 31 de outubro. “A data foi escolhida propositalmente para chamar a atenção dos brasileiros. O Dia do Saci foi criado como movimento para a defesa de mitos nacionais. Considero que temos que divulgar e promover a nossa cultura”, diz Mário Cândido da Silva Filho, presidente da Sociedade de Observadores de Saci (Sosaci). 
Segundo Silva Filho, o Saci não é um personagem “do mal (...) ele é um menino sapeca que preferiu ser livre em vez de viver na senzala nos tempos de colonização do Brasil. A história sofreu alterações. Cada um cria sua imagem do Saci”.

Na França, não foi necessário criar um dia de comemoração. Até hoje, existem festividades populares muito fortes, herdadas das festividades pagãs do fim do verão. Essas festividades existem até hoje na metade norte do país, onde moravam os povos celtas.
Na minha região, as Flandres, as festividades pagãs do inicio do inverno se tornaram festividades populares, com inspiração católica: a Festa de São Martinho. Na verdade, as festividades têm nada a ver com a fé católica.
Até hoje, essa festa é esperada com ansiedade pelos pequenos e suas famílias.

É tradicionalmente comemorada em 10 de novembro, mas preparada com antecedência!

De  noite, depois do pôr do sol, as crianças se reúnem atrás de São Martinho e seu burro para desfilar com lanternas de beterraba esculpidas (recordando as  abóboras esculpidas dos americanos
). Pequenos desfilam cantando a famosa canção de Saint Martin:

« Saint Martin boit du vin
Dans la rue des Capucins 
Il a bu la goutte 
Il a pas payé 
On l’a mis à la porte avec un coup d’balai »

São Martin bebe vinho 
na rua dos Capuchinhos
Ele bebeu tudo
Mandaram ele embora com uma vassourada


Depois do desfile, as crianças são recebidas no salão de festas da Prefeitura para eleger a lanterna de beterraba mais bonita. Todas crianças recebem um presente muito especial, uma rosca com uvas passas: o volaer, na língua flamenga.
O desfile de lanternas de beterrabas é um momento mágico e alegre em todas as aldeias flamengas.

São Martinho desfilando com as crianças em Dunkerque



A festa do São Martinho vem de uma lenda do século XVI. São Martinho era evangelizador na região flamenga no século IV. Ao tentar evangelizar uma pequena vila de pescadores, a futura cidade de Dunquerque, ele perdeu o seu burro. À noite, as crianças do país o procuraram com lanternas. Eles o encontraram nas dunas, seguindo cocô do burro.

Para agradecer as crianças, São Martinho transformou todo o cocô em volaeren.

Essa festividade flamenga mostra como foi efetuada a cristianização das festividades pagãs, herdeiras da Samhain. As comemorações contemporâneas de Halloween e São Martinho celebram a luz, a juventude, a festa e a vida. Festas herdeiras do Samhain, elas mostram renascimento e ciclo da vida.

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